15 julho 2007

DESMILITARIZAÇÃO

Meu companheiro, é claro que você pode publicar. E pode também contar com todo o meu apoio nessa causa nobre.

Gedilson, obrigado pela consideração em pedir meu consentimento.

Um abraço fraterno e que tenhamos sucesso!
NEY DUBOURCQ ARAUJO
Por mais que as autoridades queiram desviar as atenções ou "cobrir o sol com uma peneira", o parâmetro principal para a solução ou, no mínimo, uma real otimização da Proteção ao Vôo (não só do Controle de Tráfego Aéreo) no Brasil continua sendo a DESMILITARIZAÇÃO do sistema.

O Controlador de Tráfego Aéreo não é culpado por se ver colocado numa condição que o convoca a desempenhar, simultaneamente, duas funções diametralmente opostas: a técnica e a militar. Para a primeira, o técnico foi preparado para dar instruções e autorizações, as quais, em nosso caso, têm uma conotação determinativa. Para a segunda, o militar – de graduação e não de patente, na presente consideração - foi moldado para cumprir ordens, sem questionamentos. Além dessa ambigüidade, o fato de os órgãos de tráfego aéreo, pelo menos a maioria daqueles onde é maior a densidade ocupacional, serem operados por militares graduados condiciona a função de chefia à patente prevista para exercê-la. E – a população civil e a mídia não conhecem essa realidade interna - disso resulta um fato gravíssimo, que corrói a capacidade criativa que deve nortear a Proteção ao Vôo: o oficial que exerce a chefia de um órgão prestador de serviço de tráfego aéreo nem sempre é o mais capacitado para tal, confundindo-se o conceito de comando com o de gerenciamento, além de justificar o aforismo "militar manda pelo que é e não pelo que sabe".

Como outros companheiros, eu tive inúmeras e tristes experiências em conseqüência dessa antítese à mais elementar conceituação de progresso.

As autoridades do setor costumam argumentar que, gradativamente, a proteção ao vôo está saindo das mãos de militares, apontando para o fato de que a Infraero, empresa civil, vai, aos poucos, assumindo a administração e a operação do sistema. Verdadeira ou não a argumentação, deve-se ter em mente que a cúpula administrativa da citada empresa é ocupada por militares inativos: a presidência por um brigadeiro e os cargos de confiança por coronéis, majores etc., sem mencionar os de menor projeção. Resultado: é aposentado o quepe, mas a cultura de comandante e oficiais assessores para a condução e punição de praças, aplicada com relativo êxito nos quartéis, continua no serviço ativo, em detrimento da universalmente consagrada política gerencial, esta aplicada com sucesso no mundo civil moderno.

Fui militar da ativa durante 30 anos e posso assegurar que nada tenho contra meus companheiros de farda, graduados ou oficiais, ativos ou inativos. Sou contra, isso sim, a assunção de funções essencialmente civis por homens de caserna.

NEY DUBOURCQ ARAUJO
Controlador de Tráfego Aéreo – Licença nº 1.602
1º SGT RFM

Este texto é de um companheiro CTA respondendo a um tópico que abri no Orkut com o título: Afronta ao Povo Brasileiro. Obrigado Ney, por escrever estas linhas e permitir que eu as publicasse aqui!

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